Contrasenso (?)

Até que ponto pode-se denominar a justiça como justiça? Quem decide exactamente como cada criminoso deve pagar pelo crime cometido? Estamos realmente em condições de julgar o próximo? Como compreender a família dos criminosos que tentam protegê-los?
Sim minhas crianças, estas são dúvidas que rondam minha mente há tempos e que a vida trouxe-me, novamente, através de acontecimentos bem recentes...
Todos sabemos que existem muitos crimes não denunciados, como casos de violência doméstica, pedofilia... Ao ver casos como estes nos noticiários, muito de nós se revolta e diz: "Se fosse comigo denunciaria, poria este(a) FDP na cadeia!!! Não pensaria meia vez!!!
Será mesmo???
Como dizer, por exemplo, aos seus sobrinhos que o pai é um pedófilo???
Como dizer a seus filhos que o pai não volta mais porque a agrediu???
Parece simples, mas e se essas crianças têm o criminoso em questão como referência???
Se soubesse que isso seria um trauma que seus filhos carregariam para o resto de suas vidas???
Como marcar uma infância, até então feliz, com uma notícia assim???
Não meus anjinhos, não é tão simples quanto parece!!!
Não estou aqui me posicionando contra a denúncia, de modo algum!!!
Estou apenas revendo minha mania idiota de julgar sem me colocar no lugar das pessoas!!!
Não vou dizer-lhes que devem reflectir melhor, estou expondo uma de minhas inúmeras fraquezas (julgar atitudes alheias), e pedindo que opinem e me ajudem a me livrar desse terrível vício que grande parte de nós tem, pouquíssimos admitem e, menos ainda, tentam mudar.
Será mesmo que, no lugar das vítimas, faríamos a coisa certa? Será que iríamos nos expor sem receios e traríamos à tona a situação humilhante pela qual passamos? Será que não abriríamos mão de falar para evitar que nossos pais, filhos, irmãos, sofram uma dor que podemos manter só nossa?
Mais uma razão para entendermos porque a vida nos coloca em situações difíceis ao invés de esperar que aprendamos só observando... Afinal, nossa infeliz tendência ao observar é julgar... apenas julgar... raramente olhando com o intuito de aprender.