segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Eco


Olhando em torno de si, com uma expressão um tanto confusa e entristecida, ela dá um leve sorriso... daqueles onde se parece sorrir apenas para si.

Com os olhos fixos num ponto indefinido, ela se lembra do quanto havia se divertido com ecos na infância.

Como se mudou inúmeras vezes com a família, tanto na infância quanto na adolescência, guarda consigo lembranças de brincadeiras com eco na casa vazia, para a qual se mudaria ou na que deixara...

Resolveu voltar de suas reminiscências e entender a razão pela qual voltara a pensar naquelas brincadeiras depois de tanto tempo.

Desceu as escadas para tomar algo. Em sua distração, deixou cair um talher que fez eco...

É isso! Ali estava a razão de suas lembranças...

Ele ainda está em sua casa, o eco. Aquele que afirma a ausência de algo (alguém?) que preencha determinado espaço vazio...

Deu-se conta de que, ao fim do eco de seus próprios passos, formou-se um ensurdecedor silêncio.

Por um instante, lembrou-se das vezes em que tentou ficar sozinha e não conseguiu, por estar sempre rodeada de pessoas... agora sentiu falta até de si própria... nem ela mesma estava ali...

Desta vez não brincou com o eco... ao invés disso, olhou para fora e apenas viu quão gélida consegue ser a falta de calor humano...
Há um detalhe, porém, que deve-se considerar: ela não é muito "normal"...

Tão rápida quanto veio, se foi aquela sensação de vazio interior... Ela voltou a si. Portanto, consigo já não estava só.

Ela riu das próprias indagações... Pegou uma fumegante xícara de café, subiu as escadas e se jogou na cama, já se preparando para jogar-se nos braços de Morfeu.

E, naquela noite, dormiu como um anjo...

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